Vamos estudar um pouco sobre as Grandes Navegações.
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
Fernando Pessoa
Contexto Geral
Vamos começar com uma ideia geral do período.
Portugueses e espanhóis saíram em busca de novas rotas marítimas rumo à Ásia
(Índias). O objetivo comercial era a busca de especiarias, isto é, produtos como
cravo, canela, óleos, que eram utilizados como temperos, conservantes,
perfumes, remédios, oriundos do clima tropical.
As especiarias geraram um acúmulo de riquezas por parte dos comerciantes europeus. |
Na época das grandes navegações o conhecimento do “mundo”
era ainda restrito às terras europeias, africanas e asiáticas. Os europeus que
são o ponto de partida para o entendimento das navegações, conheciam apenas partes do
continente africano e asiático, observe os mapas abaixo e visualize as diferentes dimensões.
Mapa múndi do século XV.
Mapa-múndi atual com a delimitação do mapa do século XV. |
A literatura e as crendices alimentavam a imaginação dos europeus na época das navegações, seres mitológicos povoavam os mares, que eram limitados por
grandes abismos.
Os abismos do Mar Tenebroso |
Gravura do século XVI de Sebastian Münster, ilustrando algumas criaturas que habitavam o Mar Tenebroso. |
O povoamento do planeta pelos Homo Sapiens
Como já estudamos em outras aulas, os continentes
foram povoados pelos homo sapiens nos últimos milhares de anos. A teoria
denominada out off África (para fora da áfrica) ilustrada abaixo, demonstra
supostamente o percurso de nossos ancestrais sapiens e neanthertais. Os números
em vermelho são estimativas da chegada dos homens em cada continente em
milhares de anos.
Os europeus não sabiam dessa história, ou seja, não
supunham a existência do continente “americano”. Vamos voltar para os dois reinos pioneiros
no processo de grandes navegações, Portugal e Espanha, para entender melhor.
Os povos navegantes
Os portugueses
O reino de Portugal surge no contexto da guerra de
Reconquista, como já estudamos na aula: Guerra de Reconquista e Formação de Portugal.
Posteriormente a centralização do poder
nas mãos de algumas dinastias paralelamente ao fortalecimento da burguesia, aliada á necessidades de encontrar um novo caminho para as “Indias”, fez com que os portugueses se aventurassem "por mares nunca dantes navegados”.
De uma outra maneira, rei e burguesia (comercial) se
uniram, para encontrarem um caminho para as Índias, terra de especiarias e
riquezas .
As mercadorias do oriente eram levadas por terra seguindo a rota traçada em vermelho e por terra e mar na rota azul, até Constantinopla, de onde eram redistribuídas por mercadores da Península Itálica para o restante da Europa (rota traçada em verde),
o que inviabilizava a obtenção de altos lucros pelos comerciantes portugueses.
O caminho escolhido pelos lusitanos foi a costa
africana, desde o início do século XV, os portugueses se aventuraram pelos
mares em busca de mercadorias e novas terras. Criaram feitorias e entrepostos comerciais ao
longo da costa africana, aprenderem a cultivar cana de açúcar e tiveram contato
com práticas de escravidão, que posteriormente foi a base da exploração da
América.
Os portugueses demoraram pouco menos de um século
para alcançarem a cidade de Calicute, na Ásia, importante centro comercial, que
possibilitou enormes lucros a burguesia comercial.
Rota de Vasco da Gama, navegador lusitano que primeiro alcançou as famosas Índias via costa africana. Seus feitos foram narrados por Camões na epopeia intitulada: "Os Lusíadas". |
Os espanhóis
A formação do estado nacional espanhol também surgiu no contexto da
Reconquista, no entanto, a unificação dos reinos que formaram o reino da
Espanha foi tardia, se comparado ao português.
Logo após a unificação, os reis Fernando de Aragão e
Isabel de Castela financiaram o navegador e estudioso genovês Cristovão Colombo.
Colombo defendia a tese de que era possível chegar em
poucas semanas as índias, navegando do Oeste para o Leste. A ideia do genovês estava
correta, todavia ele não contava com a presença de um novo continente,
posteriormente batizado como “América”.
Observe a rota de navegação de Colombo, que chegou ao novo continente em 1492. |
As grandes Navegações, coexistência de fatores
As grandes navegações surgiram graças a um série de
fatores:
Do ponto de vista político, ocorreu graças a
centralização do poder nas mãos do rei.
Do ponto de vista econômico, graças a necessidade dos
burgueses ampliarem seus negócios
Do ponto de vista religioso, da necessidade dos
católicos de levarem sua fé a novos povos
Do ponto de vista tecnológico, da existência de
instrumentos de navegação como o sextante, a bússola, o astrolábio e das naus e
caravelas.
Do ponto de vista geográfico, da localização
privilegiada da península Ibérica.
Do ponto de vista cartográfico, da existência de
áreas de trocas de informações, como a “escola de Sagres”
Alguns instrumentos de Navegação:
A literatura e as grandes navegações
As grandes navegações alimentaram a imaginação de alguns poetas e
escritores, dois dos maiores nomes da literatura portuguesa e mundial, Luís Vaz de Camões e
Fernando Pessoa descreveram esse processo de forma poética e crítica.
Nessas
duas estrofes de Fernando Pessoa, as navegações causam uma série de
percalços para os portugueses, mas por outro lado foram necessárias para quem almejava mudanças e glórias.
Mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!Mar salgado, quanto do teu sal
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
Fernando Pessoa
Algumas Conclusões
As grandes navegações foi um processo iniciado por
portugueses e espanhóis em busca de novas rotas comerciais. A política mercantilista visava o enriquecimento e acúmulo de riquezas pelos reinos. Graças a essa política econômica, aliada a outros fatores, como o desenvolvimento tecnológico e a expansão religiosa foi possível um encontro de culturas e fases de desenvolvimento evolutivo.
Anteriormente, o estilo de vida nômade, ocasionou diversas migrações dos homo sapiens (out off África). Os continentes foram povoados, posteriormente, o estilo de vida sedentário distanciou parte da espécie, que viria a se encontrar graças as grandes navegações.
Por outro lado, esse encontro foi responsável pela supremacia dos homo sapiens europeus, que dominaram e subjugaram os americanos, sem falar dos africanos que foram remanejados para suprir as necessidades de produção, mas isso já é história para uma próxima aula.
Bons Estudos,
Professor Rafael.
Assuntos Interessantes:
Os gênios do Renascimento
Renascimento Italiano
Professor Rafael.
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Os gênios do Renascimento
Renascimento Italiano
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