Rafael Forte Martil.
Escrito originalmente para a disciplina "Conhecimento como Construção Histórico Social", 2009 - UFSCAR-EAD.
Introdução
Durante milhares
de anos as mudanças provocadas ao meio pelo homem foram lentas e graduais. no entanto, nos últimos cinco séculos, a velocidade das transformações ganharam um novo ritmo, ditado pelo progresso, pelas inovações e pela ciência, retomada pelo Renascimento e o surgimento do Método Científico que estabeleceu um maior
racionalismo à relação do homem com o meio.
O progresso é ambivalente, carrega a possibilidade de um novo mundo, mais justo e igualitário, ou mesmo de sua destruição, causada por uma tecnologia indiferente à natureza do planeta. Diante dessa condição, qual postura esperar da ciência em relação às próximas décadas e séculos.
O progresso é ambivalente, carrega a possibilidade de um novo mundo, mais justo e igualitário, ou mesmo de sua destruição, causada por uma tecnologia indiferente à natureza do planeta. Diante dessa condição, qual postura esperar da ciência em relação às próximas décadas e séculos.
O Método Científico
O conhecimento
científico pensado de forma ampla partiu em grande parte das análises de
Descartes, principalmente após a publicação de o Discurso do Método, no qual
descreveu o desenvolvimento de uma forma de pensar pautado a partir de
critérios oriundos de áreas das ciências exatas. Nesse contexto, sujeito passa
a conhecer objeto de uma forma autônoma e não emulando a realidade como
pensavam alguns gregos como Platão e Aristóteles.
Assim ao
estabelecer premissas que deveriam ser seguidas para que a tarefa de conhecer
alguma realidade fosse alcançada garantiria uma maior eficiência da tarefa. As
quatro tarefas consideradas como essências para o referido pensador seriam: não
aceitar verdades pré-concebidas(1), repartir as etapas da pesquisa(2), iniciar
por questões mais simples(3) e por fim, efetuar relações metódicas e complexas
entre os termos analisados(4). Tais relações seguiriam relações lógicas que revolucionariam
a forma de pensar ciência.
Com o
desenvolvimento de novos paradigmas científico surgiram análises que concebem
que verdades são apenas transitórias e se relacionam a contextos específicos;
em linhas gerais houve uma passagem da física de Newton para a de Einstein[1],
onde as verdades absolutas deram lugar a diversas interpretações, já que a
realidade passou a ser entendida de forma a se considerar a relatividade da
relação sujeito objeto. Além do fato de que alguns conceitos foram colocados
como incompreensíveis para a capacidade humana, visto a infinitude do universo.
Negar a
importância da ciência para a sociedade é como descartar a importância do
estudo sistematizado em prol de um conhecimento baseado no senso comum.
O uso de tais
métodos concretizou-se no grande sonho humano de aumentar a produtividade a
partir de uma percepção crítica da realidade e de um modelo cada vez mais
voltado para a eficiência do objetivo.
Para tanto é
necessário considerar alguns novos elementos que se agrupam tornando a
realidade mais complexa, o que torna necessário uma múltipla especialização ou
um recorte cada vez mais pontual do objeto, o que causa uma espécie de
alienação coletiva, já que as partes cada vez se fragmentam dificultando assim
o entendimento dos diversos elementos que constituem o todo, o que pontualmente
se entende a partir da premissa de Descartes de dividir as tarefas para um
análise e descrição do objeto.
As supostas
ciências assim se definiram por possuírem um cabedal de elementos que as
diferenciaram no decorrer do tempo de superstições e crendices não pautadas por
elementos lógicos. No caso das Ciências Humanas que engloba o curso de
Pedagogia devemos pensar sua especificidade em relação ao objeto, no caso o
homem, nesse sentido não devemos desconsiderar que um método científico não
pode desconsiderar em suas premissas e metodologias essa considerável especificidade,
além das ideologias e do contexto cultural que inviabilizam uma análise do
ponto de vista apenas biológico; além do perigo de distanciarmos do ambiente do
qual fazemos parte.
Um caminho
A posição do
polêmico livro “O Ponto de Mutação” de Fritjof Capra é a de que a sociedade
moderna influenciada pelo modelo cartesiano de ciência desconsideraria a relação
com o todo, como pensar diversos aspectos constituintes da realidade
desconsiderando a relação com meio ambiente, no que intitula de teoria
holística. Nessa crítica podemos entender que o Método Científico deve ser
percebido como uma possibilidade intimamente ligada ao ponto de vista do
observador, principalmente a partir de seu posicionamento ideológico.
Conclusão
Considerando o
caráter transitório da verdade e que ela só pode ser entendida a partir de uma
estrutura específica que ainda gera múltiplas interpretações, não devemos
considerar a ciência como substituta da filosofia e da religião visto que seu
estatuto e concepções se afastam dessas consideravelmente. Nem devemos tratar
conhecimento como uma cruzada contra as superstições, mas sim uma ciência
pautada em métodos e premissas que considera sua relação com o todo e com o
fato de sermos humanos e não máquinas que atendem a uma estrutura de causa e
efeito. A ciência e o método científico não podem responder todos os problemas
e relações do homem com o mundo, mas serve de importante instrumento para
entender o mundo que nos rodeia.
Por fim, pensar
ciência no mundo atual é buscar uma visão que contemple tanto desenvolvimento
científico quanto uma visão que possibilite sustentabilidade do planeta e das
diversas espécies, uma visão dissociada pode causar uma destruição de recursos
desproporcional, como ocorrido no decorrer do século XX, um século marcado por
conflitos entre diversas nações, onde a tecnologia foi usada de forma desumana,
como a morte de aproximadamente 50 milhões de pessoas na Segunda Guerra Mundial
(1939-1945).
A ciência deve
ser humanizada, deve ser crítica, levar a objetividade, não se esquecendo que
em última análise a ciência é um instrumento a racionalizar o meio, facilitando
as relações humanas.
[1]
Tal idéia pode ser encontrada no Artigo citado na Bibliografia intitulado: Uma
revisão/Discussão sobre filosofia da ciência.
Referências
Bibliográficas.
DAWKINS, R. O
Rio que saía
do Éden. Rio
de Janeiro: Rocco,
1996. Coleção Ciência Atual.
CAPRA, Fritjof. O Ponto de Mutação. São Paulo,1982.
Pensamento Cultrix E.
DESCARTES, R. Discurso do Método. São Paulo, 1979: Abril
Cultural.
FRANCELIN, Marivalde Moacir. Ciência, senso comum e
revoluções científicas: ressonâncias e paradoxos. Ci. Inf.,
Brasília, v. 33, n. 3, Dec. 2004 . Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S01009652004000300004&lng=en&nrm=iso>.
Acessado no dia 28 de Novembro de 2009.
FURLAN, Reinaldo. Uma
revisão/discussão sobre a filosofia da ciência. Paidéia, Ribeirão
Preto, v. 12, n. 24, 2002 . Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-863X2002000300002&lng=en&nrm=iso>.
Acessado no dia 27 Novembro
2009.
MAAMARI, Adriana Mattar. Conhecimento, linguagem e
legitimação no processo de
aprendizagem acadêmico-científica.
Filmografia:
MATRIX, dirigido por Andy e Larry Wachovski, 1999.
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